E se as cartas falassem?
- Raquel Oliveira
- 9 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Livro: E se as cartas falassem?
Autores: Johnatan Gomes e Mayron Damasceno ( @johnatangomes.escritor
e @sensulibris )
Gênero: Distopia
Sinopse: "No ano de 2050, a força de um governo tirânico irá mergulhar o mundo em trevas, desigualdade e degradação. As pessoas irão aceitar a cegueira voluntária. A subserviência e a adoração desmedida são as máximas da Nova Ordem: um Regime Governamental que controla e oprime pela imposição de Decretos. Nesse novo mundo, onde a tecnologia cria abismos instransponíveis entre as classes sociais, duas mentes distintas vão se perceber dispostas a construir uma ponte capaz de manter acesa a chama da esperança."
Nota: 10/10
Resenha:
[Qualquer coincidência com a situação atual é mera coincidência… Ou não]

O mundo foi tomado por um novo Poder, chamado Nova Ordem. Uma seita que se baseia em fundamentos religiosos extremos para controlar as pessoas, as nações, o planeta inteiro.
Através de medicamentos que atrapalha os impulsos e desejos sexuais, além de, praticamente,
transformar os cidadãos em robôs subservientes, incapazes de se oporem às regras e sem liberdade alguma.
O estilo da história mistura narrativa clássica com vários temas importantes da nossa atualidade como por exemplo: Política, Religião e Tecnologia. E os autores não se contiveram em nenhum minuto durante esse trabalho.
A história se passa em São Paulo no ano de 2050 (estamos bem perto, né?), acompanhamos o João Moretto que trabalha na Corporação ProVida na fabricação de remédios para controle da Nova Ordem. Ele é de classe baixa e vive em um apartamento minúsculo na periferia, tendo até a água controlada e não podendo atravessar o muro por conta própria.
Vivendo de forma automática, chegando a ser bem robótica, João vive para cumprir as regras da sociedade sempre sem questionar nada, porém em um certo momento as coisas começam a mudar para João quando começa a receber cartas estranhas de alguém misterioso.
A partir daí que as coisas começam a mudar dentro do livro, pois é quando ele começa a questionar tudo ao seu redor. A carta é o único meio de comunicação não vigiada pela Nova Ordem, já que a tecnologia foi dominada por esse regime totalitário e se tornou sua grande ferramenta de observação e controle.

O livro apresenta dois estilos de narrativa, uma em terceira pessoa e outra em primeira, mas é bem organizado então não há conflito muito grande para o leitor nesse ponto, e assim o livro vai seguindo com muitas coisas de ficção científica, e a medida que os mistérios da trama vão se desenrolando vermos o quão complexa é a história.
É muito perturbador pensar que poderíamos de fato está vivendo algo assim, as referencias politicas apresentadas no livros remete muito a uma situação que, aos meus olhos, já foi iniciada em nosso mundo e que mesmo no futuro não seja igual (afinal, isso não tem como advinhar, né?) acredito que possa ser algo bem semelhante no sentindo de consumo a tecnologia e o tempo que consumimos nela (seja por lazer, estudos ou até mesmo trabalho).
O desenrolar dessa história é extremamente coeso e profundo, a leitura me prendeu por bastante tempo e eu tive que ler o livro bem devagar para conseguir aguentar a adrenalina!
Além disso, eu AMO ARDENTEMENTE uma leitura que questiona algum tipo de "poder" da nossa sociedade (seja global ou nacional), pois nos faz questionar e refletir sobre pontos que sabemos que existem, mas não paramos para notar.
Eu acredito muito fielmente que "E se as cartas falassem?" trabalha exatamente. Os autores aproveitaram grandes pilares da nossa atualidade, pontos que eu considero a base de praticamente 70% ou até mesmo 80% da população brasileira. A politica e a religião.

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